Muita gente não sabe, mas os resíduos eletroeletrônicos, aqueles equipamentos que temos em casa que estão quebrados ou sem utilidade, como televisores, geladeiras, computadores, cabos, entre tantos outros, possuem componentes internos com pequenas quantidades de materiais valiosos como cobre, ouro e chumbo.
Quando vão parar, indevidamente, em lixões ou aterros sanitários, esses aparelhos podem cair nas mãos de trabalhadores informais que tentam extrair esses metais de forma incorreta usando métodos rudimentares que podem incluir queima, aquecimento ou imersão em banhos químicos. No processo, resíduos tóxicos são lançados no ar ou podem contaminar o solo e a água, potencialmente impactando comunidades inteiras.
Diante do perigo que a exploração incorreta do lixo eletrônico pode causar para a nossa saúde, visto que estamos longe de conseguirmos destinar todos esses resíduos para a reciclagem, a OMS – Organização Mundial da Saúde produziu um relatório que revela que o aumento do lixo eletrônico mundial afeta a saúde de crianças e mulheres – as que estão mais expostas ao trabalho informal com esse tipo de material, principalmente em países subdesenvolvidos.
Segundo o Children and Digital Dumpsites (Crianças e Lixões Eletrônicos), cerca de 12,9 milhões de mulheres e mais de 18 milhões de crianças e adolescentes em todo mundo estão trabalhando no setor informal de resíduos, podendo ser submetidas diariamente à contaminação.
O relatório também estima que, até 2030, haja um aumento global de 70% dos empregos no setor de gestão de resíduos – ou 45 milhões de vagas.
Como o lixo eletrônico é o resíduo que mais cresce no mundo hoje, aumentando três vezes mais rápido do que a população mundial, muitos desses empregos, formais ou informais, serão em processamento desses resíduos, que se não for realizado de forma correta pode causar danos para a saúde das pessoas e o meio ambiente.
As crianças são levadas por seus pais e responsáveis a trabalhar com reciclagem de lixo eletrônico informalmente porque possuem mãos pequenas e ágeis que facilitam o trabalho.
As que não fazem parte desse grupo, também correm perigo ao brincar próximo de lixões onde esses aparelhos foram descartados e explorados indevidamente.
O perigo da reciclagem indevida de aparelhos eletroeletrônicos
Por causa do seu tamanho menor, as crianças são mais vulneráveis aos problemas causados pela exploração indevida do lixo eletrônico. Essa exposição pode prejudicar suas habilidades intelectuais, além de causar alterações na função pulmonar, no aparelho respiratório, danos ao DNA, prejuízos à função da tireóide e aumento do risco de algumas doenças crônicas tardias, como câncer e doenças cardiovasculares.
Nas grávidas, a exploração indevida do lixo eletrônico também pode afetar a saúde e o desenvolvimento do feto para o resto da vida.
Além de causar o nascimento de bebês natimortos, prematuros, com baixa estatura e peso ao nascer, a exposição ao chumbo tem sido associada a pontuações de avaliação neurológica comportamental neonatal significativamente reduzidas, aumento das taxas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), problemas comportamentais, mudanças no temperamento infantil, dificuldades de integração sensorial, redução dos escores cognitivos e linguísticos.
Para se ter uma ideia, a Green Eletron reciclou adequadamente em 2019 quase duas toneladas de chumbo, presente em baterias de aparelhos eletroeletrônicos descartados pela população brasileira. Garantindo que eles não fossem parar em aterros ou na natureza.
Conscientização para uma nova realidade
Infelizmente, ainda estamos longe de conseguir destinar todo nosso lixo eletrônico para locais onde eles serão manuseados e reciclados de forma segura.
De acordo com a Global E-waste Statistics Partnership (GESP), em 2019, apenas 17,4% do lixo eletrônico produzido no mundo chegou a instalações formais de gerenciamento e reciclagem.
Mesmo assim, esses 17,4% de resíduos devidamente reciclados conseguiram evitar que até 15 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente fossem lançados no meio ambiente.
Por causa de tudo isso é tão importante que cada um de nós continue fazendo a sua parte, já que os volumes de resíduos eletrônicos vêm crescendo em média 4% todo ano.
Então, vale sempre relembrar, se você tem qualquer tipo de resíduo eletrônico quebrado ou sem utilidade, consulte aqui o ponto de entrega voluntária mais próximo da sua casa e faça o descarte de forma ambientalmente correta.
O mesmo vale para as pilhas usadas, descarregadas e que não têm mais utilidade. Para saber o local mais próximo de onde você mora, basta consultar aqui.