Agora que já entendemos a definição, a importância e as possibilidades da economia circular, que tal saber mais sobre um dos possíveis conjuntos de mecanismos para alcançar este modelo? É chamado de logística reversa o sistema que viabiliza o descarte, coleta, reciclagem e reaproveitamento adequados de bens de consumo sem mais utilidade. A ideia é que, em vez de serem descartados em locais impróprios, perdendo assim, a possibilidade recuperação, os resíduos sejam destinados a um sistema de logística reversa e consequentemente reaproveitados, transformados em matéria-prima para outros produtos.
Basicamente, a logística reversa é um sistema que permite que o consumidor deposite os materiais em pontos de entrega voluntária, tendo certeza de que os mesmos serão destinados da forma ambientalmente correta. É a união dos esforços de quem compra e de quem produz. A Green Eletron possibilita que eletroeletrônicos (pilhas, baterias, celulares, eletrodomésticos etc) passem por esse processo.
Trata-se de uma resposta ecologicamente responsável ao modelo linear de produção. Vigente desde a Primeira Revolução Industrial, a lógica de extração de matéria-prima, manufatura, consumo e descarte já não é um modelo viável de economia, já que o planeta se aproxima do esgotamento de seus recursos. Atingimos, em julho de 2019, a sobrecarga da Terra: o ponto máximo de uso dos nossos recursos naturais, sem ônus ao planeta. A estimativa é da Global Footprint Network.
Ora, se os recursos para a produção de insumos estão se esgotando, por quê a indústria ainda gasta 75% (Ellen MacArthur Foundation) de todo o seu aparato energético apenas na extração e refino dessa matéria-prima? A economia linear envelhece cada vez mais obsoleta, por ignorar a latente necessidade de diminuirmos o ritmo da extração de recursos.
O modelo circular apresenta uma nova forma de obtenção de matéria-prima, através da extensão da vida útil dos produtos e posterior reaproveitamento dos mesmos. Ou seja, o que seria o fim da linha tradicional de produção (o descarte), torna-se parte de um novo começo. Coleta e reciclagem entram em cena para transformar o material descartado em insumos, que reiniciam o ciclo sendo devolvidos à indústria.
Existem dois tipos de logística reversa: a B2C e a B2B. O primeiro depende de um consumidor (a sigla refere-se a business to consumer, “de empresa para consumidor” em tradução livre). Ou seja, o produto sai da indústria, é comprado por uma pessoa física e precisa ser descartado em pontos de entrega voluntária após o fim de sua vida útil para o sucesso do ciclo.
O modelo B2B, por sua vez, é uma relação exclusiva entre empresas (“de empresa para empresa”), tanto no momento de compra dos ativos, assim como em seu descarte e posterior destinação, ou seja, é uma negociação contratual entre as partes. Nesse caso, a estrutura não passa pela intermediação do consumidor, mas ambas as modalidades são essenciais no sucesso da economia circular.
A logística reversa é considerada, ainda, um “instrumento de desenvolvimento econômico e social” — segundo o Artigo 2, parágrafo 12 da Lei nº 12.305, a Política Nacional de Resíduos —, já que opera no crescimento sustentável da economia, gerando empregos.
A Política foi assinada em 2010 como uma forma de esquematizar os esforços necessários para que o Brasil reciclasse, de forma mais significativa, os resíduos que produzia. No texto, a logística reversa é elencada como um dos elementos-chave para o sucesso das metas ambientais.