A mineração urbana é a transformação de produtos pós-consumo em matéria-prima, com o objetivo de ser reutilizada na produção de novas mercadorias, evitando a necessidade da extração da natureza. Colocando de forma simples, a mineração tradicional tira minerais da terra, enquanto a mineração urbana recicla e coloca novamente em circulação materiais que foram descartados pelos consumidores e iriam ser dispostos em aterros sanitários. As duas podem fornecer metais ferrosos e não-ferrosos (ferro, ouro, prata, alumínio, cobre, etc), plástico, vidro, e outras matérias-primas, para diversas indústrias.
Apesar de pouco explorada no Brasil, a mineração urbana tem um grande potencial econômico e ambiental. Por exemplo, o consumo energético e o uso de recursos hídricos são significativamente menores na reciclagem, em que os aparelhos devem apenas ser desmontados, triturados e separados por tipos de materiais para depois serem encaminhados para indústrias que os transformarão em novos produtos. Isso também acontece porque 75% da energia e emissões são gastas no preparo da matéria-prima e os outros 25% na produção de bens de consumo.
As matérias-primas de origem secundária, ou seja, os materiais reciclados, tem a mesma qualidade das de extração natural. O plástico é transformado novamente em resina e está pronto para ser reinserido na cadeia produtiva, os metais podem ser usados na construção civil, e até mesmo as partes que acabam se misturando podem ser transformadas em madeira plástica para a utilização em assoalhos, paletes, móveis, etc. Até o filamento para impressoras 3D podem ser feito de materiais 100% reciclados.
Apenas em 2019, a Green Eletron conseguiu extrair aproximadamente 100 toneladas de metais ferrosos (ferro fundido, aço e suas ligas) e não-ferrosos (cobre, estanho, zinco, chumbo, e outros), que foi reaproveitado pela indústria siderúrgica. Foram recicladas também cerca de 47,5 toneladas de plástico, fazendo que 69 toneladas de CO2 deixassem de ser emitidos.
De acordo com um relatório do StEP (Solving the E-waste Problem), a reciclagem de uma tonelada de celulares velhos renderia 3,5 kg de prata, 130 kg de cobre e 340 gramas de ouro. Mais de 60 elementos podem ser usados na produção de aparelhos eletrônicos. Veja na imagem quais estão presentes nos componentes dos celulares.
Como aprendemos na escola, esses metais são raros e possuem uma quantidade limitada no planeta Terra. Veja abaixo uma adaptação da tabela periódica mostrando o quanto ainda temos de cada elemento na natureza atualmente.
Aí você pode se perguntar “A mineração urbana custa caro?”. Segundo estudo da Comunidade Europeia, a reciclagem de recursos pode reduzir em torno de 20% a necessidade de entrada de materiais virgens até 2030 e uma economia potencial de mais de 600 bilhões de euros na indústria europeia entre 2012-2030. No Brasil, estima-se que seria possível recuperar com a reciclagem do lixo eletrônico descartado no País em 2016 cerca de R$ 4 bilhões com a mineração urbana de quatro metais (cobre, alumínio, ouro e prata).
Sim, a mineração urbana precisa de um investimento da Indústria, comércio, governo e sociedade, mas também traz um grande retorno econômico e ambiental, principalmente considerando que em alguns anos as reservas de alguns metais podem se extinguir.
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Onde descartar pilhas e aparelhos elétricos ou eletrônicos em Belo Horizonte?
[…] as matérias-primas presentes dos aparelhos eletroeletrônicos e também nas pilhas podem ser reaproveitados (metais ferrosos e não ferrosos, plásticos diversos, zinco, vidro, etc), se passarem por um […]