No dicionário brasileiro Michaelis, a palavra “lixo” é definida como materiais “provenientes de atividades domésticas, industriais, comerciais etc. que não prestam e são jogados fora; bagaço”. Ou seja, na língua portuguesa, só chamamos de lixo o que não tem mais possibilidade de reutilização. A legislação brasileira utiliza uma linha de pensamento parecida: segundo a instrução normativa do Ibama publicada em novembro de 2019, “rejeito eletrônico” ou “lixo eletrônico” referem-se apenas a equipamentos que “depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, incluídas a desmontagem, a descaracterização e a reciclagem, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”. Os materiais que ainda são recicláveis recebem outro nome: resíduos.
É esse o termo que a Green Eletron adotou para definir os objetos de sua gestão. Isso porque a palavra “lixo”, por denotar o fim definitivo da vida útil dos materiais, pode confundir as pessoas. Resíduos eletrônicos são materiais que, se descartados pela população de forma responsável e encaminhados para recicladoras homologadas, podem ser convertidos em matéria-prima para diversas indústrias. O que diferencia um termo do outro é a possibilidade de reciclagem.
A adoção de “resíduos eletrônicos” em nosso vocabulário seria um grande passo, representando um ponto de virada na mentalidade da população sobre eletrônicos, sob um olhar ambientalmente responsável. O Japão é um dos países onde essa virada já ocorreu: segundo Henrique Mendes, gerente de sustentabilidade da Abinee, lá a cultura da Economia Circular já foi absorvida pela população. Praticamente tudo que não tem mais uso é considerado um resíduo, ou seja, como recursos em potencial. No país, a preocupação com a reciclagem de eletroeletrônicos já é questão de cidadania.
Essa realidade pode parecer utópica no Brasil, onde as circunstâncias econômicas e sócio-ambientais são tão diferentes do Japão, mas o país asiático nos oferece um ponto de referência, um modelo no qual se inspirar.
Um fato que não podemos negar é que, inevitavelmente, “lixo eletrônico” é por aqui o termo mais popular para definir pilhas, baterias e eletroeletrônicos sem uso. Mas refletir sobre como esse termo já está ultrapassado é um passo importante na direção da mudança. Hoje, já temos tecnologia para reciclar e reutilizar qualquer tipo de material, então o fim da vida útil de um produto não precisa ser no descarte. Na realidade, não precisa ter um fim.
Então, quando for descartar algo, lembre-se bem da diferença entre lixo e resíduo. Se informe sobre as destinações corretas de cada produto e venha com a gente nesse movimento para deixar o planeta mais sustentável!