Chamamos de logística reversa o sistema que possibilita o descarte, transporte, manejo e reciclagem de bens de consumo, para que sejam convertidos novamente em matéria-prima para a indústria. Trata-se da união dos esforços de quem fabrica, distribui, comercializa, usa e recicla, em nome da destinação ambientalmente adequada de resíduos, já que o descarte destes materiais na natureza ou em aterros sanitários impossibilita a exploração de seu potencial econômico, além de ser prejudicial ao ambiente.
Para que seja viável, a logística reversa precisa ser implementada por meio de uma rede de serviços especializados — que são realizados pela Green Eletron, gestora sem fins lucrativos para a logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas, e suas empresas associadas —, necessários para que todos os estágios sejam alcançados de forma segura e rastreável. Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), onde a população pode descartar seus equipamentos usados, garantem a participação do consumidor nessa lógica
A logística reversa possibilita uma resposta ambientalmente responsável ao modelo linear de produção, que limita a vida útil de produtos de acordo com a ideia de extração de matéria-prima, produção, consumo e descarte. Essa lógica linear está obsoleta há muito tempo, já que ignora as possibilidades e o potencial que muitos resíduos têm, quando manejados e reciclados de forma correta.
Uma preocupação com o modelo linear de produzir, consumir e descartar é o esgotamento das reservas naturais. Quando, no passado, descobrimos a abundância de matérias-primas no planeta Terra, logo começamos a explorá-la como se elas fossem infinitas. Hoje, sabemos que essa não é a realidade. Alguns elementos podem deixar de existir na natureza em menos de 100 anos. Efetivamente, isso significaria uma insegurança econômica e uma alta volatilidade nos preços se não pensarmos em uma alternativa melhor.
Legenda: adaptação da tabela periódica mostrando o quanto ainda temos de cada elemento na natureza atualmente.
Além disso, o modelo linear não é mais energeticamente possível. Isso porque 75% de toda a energia gasta na indústria é aplicada apenas na extração e refinamento de matéria-prima, segundo a Ellen MacArthur Foundation.
Ao mesmo tempo, estamos atingindo cada vez mais rápido a sobrecarga anual do nosso planeta. Esse dado, calculado pelo laboratório de pesquisas Global Footprint Network, indica a data em que o planeta entra em sobrecarga, ou seja, o momento do ano em que nosso consumo passa a representar ônus de recursos naturais. Em 2021, atingimos no dia 29 de julho o consumo esperado para o ano todo.
Isso quer dizer que a economia de recursos é uma das maiores urgências do nosso tempo. O modelo de produção linear, portanto, passa a ser inimigo das nossas reservas naturais, ao qual a logística reversa é uma alternativa viável, por meio da extensão da vida útil dos produtos e exploração de todo o seu potencial.
A economia circular é uma nova proposta de cadeia produtiva, baseada no princípio de eliminar a geração de rejeitos e repensar o valor e utilidade dos resíduos.
A Economia Circular propõe uma nova forma de pensar, produzir e utilizar os bens e serviços, revertendo os impactos negativos que são gerados em nosso modelo de produção, consumo e descarte tradicional.
Inclusive, o Brasil é um dos poucos países que conseguem completar o ciclo da economia circular em um mesmo território. Isso quer dizer que temos a fabricação nacional de produtos, o mercado consumidor e a tecnologia para reciclar esses materiais após o uso e inseri-los em novos ciclos produtivos.
Neste novo conceito de economia, novas estratégias e modelos de negócios são implementados pelas empresas, de modo a reimaginar toda nossa concepção e relação com os bens e serviços que adquirimos.
Apesar de apresentar formas novas de produzir, o conceito de economia circular existe há mais de 40 anos. A ideia é que, além da possibilidade de reuso dos materiais, temos que desenvolver produtos com vida útil mais longa, que possam ser facilmente consertados.
Isso contribui com o modelo circular pois, quando os produtos duram mais, o descarte é menor e quando acontece, é feito de modo adequado, permitindo a recuperação das substâncias e materiais destes produtos. Para isso, é importante contar com a colaboração das Indústrias, que devem repensar o design de seus produtos levando não só o tempo de vida de um produto, mas também os materiais que serão usados em sua constituição.
O sucesso do novo modelo depende também da participação do consumidor que, além repensar seus hábitos de consumo, deve descartar seus resíduos de forma correta, para que possa ser realizada a reciclagem dos materiais.
As empresas que implantarem medidas referentes à economia circular devem sair na frente, uma vez que o debate do desenvolvimento sustentável e da responsabilidade social está cada vez mais latente na sociedade.
Além disso, a mudança pode ser também economicamente vantajosa: a economia circular deve movimentar cerca de 1 trilhão de dólares mundialmente na próxima década, segundo dados do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Foi aprovado em fevereiro de 2020, pelo Ministério do Meio Ambiente, o Decreto Nº 10.240. O documento é um complemento à Política Nacional de Resíduos Sólidos e estabelece diretrizes para o controle dos resíduos eletrônicos no Brasil.
A assinatura representa um grande passo para a reciclagem de equipamentos eletroeletrônicos. O Decreto define alguns objetivos que devem ser cumpridos por fabricantes, importadores, distribuidores e pelo varejo, que por sua vez são responsáveis pelo recolhimento, transporte e reciclagem dos produtos.
O Decreto Nº 10.240 contempla apenas a reciclagem de produtos de uso domiciliar, como computadores, impressoras, geladeiras, ar-condicionados etc.
As operações precisam ser colocadas em prática já em 2021, quando inicia-se o período de contabilização das metas previstas no Decreto. A porcentagem de coleta e destinação final foi estabelecida de forma crescente, da seguinte forma:
Para os anos posteriores, o texto receberá aditivos estabelecendo novas metas.
Para realizar esse trabalho, a partir de 2021 as empresas podem escolher um modelo de logística reversa coletiva ou individual.
No individual, o fabricante ou importador assume a responsabilidade de instalar Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em cidades com mais de 80 mil habitantes e comunicar o consumidor da oportunidade de descarte responsável, além de garantir que os materiais coletados serão manuseados e transportados para uma recicladora de forma controlada, garantindo o rastreamento de todos os estágios do processo.
O sistema coletivo tem as mesmas implicações, mas os custos são divididos entre as empresas associadas e fica a cargo da gestora garantir a reciclagem do material.
Vale destacar que a simples contratação de uma empresa de gerenciamento de resíduos, ou a prática comum de vender (por meio de leilões) os equipamentos antigos da empresa, não isenta o fabricante de possíveis danos que eventual destinação final inadequada destes resíduos venha a causar.
Por isso é crucial que as empresas tenham ciência de quem estão contratando ou a qual gestora estão se associando, para assegurar a segurança e a rastreabilidade de todo o processo da logística reversa. Entenda o que é importante saber na hora de escolher a sua gestora.
O varejo, por sua vez, pode realizar parcerias com entidades gestoras da logística reversa para viabilizar a instalação de pontos de coleta em lojas estrategicamente localizadas, ou seja, em estabelecimentos de grande circulação e de fácil acesso para as pessoas. Além disso, é papel do varejo divulgar o sistema de logística reversa, fazendo com que o consumidor conheça e faça parte desta dinâmica.
O Decreto exige ainda que as empresas apresentem um cronograma anual, detalhando seus planos de implementação da logística reversa, também seus planos de comunicação e de educação ambiental.
Quem descumprir suas diretrizes pode ser autuado e resultar na aplicação de multas, que variam com a gravidade da negligência, além de eventuais questionamentos sobre possível crime ambiental.
Ambas as medidas têm como objetivo o gerenciamento responsável de resíduos produzidos, mas diferem em na área de atuação.
O Acordo Setorial para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos é um documento que estabelece diretrizes coletivas, que devem ser seguidas por fabricantes, importadores, distribuidores e varejistas de pilhas, baterias e produtos eletroeletrônicos de uso domiciliar.
Ou seja, a Logística Reversa trata dos resíduos descartados pelos consumidores domésticos. Nesse caso, a responsabilidade de estabelecer uma rede de logística reversa é compartilhada pelos setores.
O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), por sua vez, diz respeito a empresas que gerem resíduos em sua planta fabril ou que não sejam resíduos equivalentes aos de uso doméstico, como grandes volumes em empresas, ou resíduos de mineradoras, hospitais, shopping centers, etc.
O PGRS é uma obrigatoriedade que consta no artigo 20 da Política Nacional de Resíduos Sólidos, exigindo das empresas um relatório detalhado do gerenciamento dos resíduos gerados em sua atividade.
Ou seja, a mesma empresa pode ser obrigada a redigir um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, para tratar dos resíduos gerados em sua atividade produtiva e implementar um sistema de logística reversa, para receber de volta os seus produtos usados, descartados pelos consumidores.
Segundo o Decreto Nº 10.240, precisam implementar um sistema de logística reversa as empresas de pequeno, médio e grande porte que importam, fabricam, distribuem ou comercializam eletroeletrônicos de uso domiciliar, como computadores, eletroportáteis, celulares, televisores etc.
É importante destacar que na Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) de 2010 já existia a obrigatoriedade da logística reversa, porém enquanto a PNRS obriga que todos que consomem produtos objetos de logística reversa, sendo empresas ou consumidores domésticos realizem a logística reversa dos produtos e embalagens, o Decreto Nº 10.240 trata especificamente do volume de EEE de consumidores domésticos.
Somente por meio da logística reversa, realizada pela cadeia de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, além de políticas públicas ambientais mais eficientes e com a educação ambiental da população, será possível reverter os índices altíssimos de descarte incorreto de resíduos eletrônicos em todo o mundo.
Apenas no ano de 2019, o mundo viu 53,6 milhões de toneladas de aparelhos eletroeletrônicos sendo descartados (um crescimento de 21% nos últimos 5 anos!). Dessa quantidade, apesar de tudo poder ser reciclado, apenas 17,4% se tornaram matéria-prima novamente para outros produtos.
O Brasil foi o quinto país que mais gerou lixo eletrônico no mundo em 2019. Os dados, divulgados anualmente pela Universidade das Nações Unidas em parceria com diversos órgãos internacionais, fazem parte do relatório The Global E-waste Monitor 2020.
Segundo o relatório, o Brasil gerou mais de 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2019, ficando atrás apenas da China (10,1 milhões de toneladas), EUA (6,9 milhões de toneladas), Índia (3,2 milhões de toneladas) e Japão (2,5 milhões de toneladas).
Se considerarmos apenas os países da América Latina, o Brasil é o primeiro no ranking dos geradores. Apenas em 2019, o país descartou mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo que menos de 3% desse volume foi reciclado.
Ásia e América são os continentes que mais descartam resíduos eletrônicos. Cerca de 24,9 milhões de toneladas no continente asiático, contra 13,1 milhões de toneladas do continente americano em 2019.
Em 2016, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica) fundou a Green Eletron, entidade sem fins lucrativos para a gestão da logística reversa de equipamentos eletroeletrônicos e pilhas consumidos pelo consumidor doméstico, como uma resposta à crescente demanda deste tipo de expertise por parte das empresas, governo e sociedade.
O objetivo era auxiliar no cumprimento das exigências da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010) por meio de um sistema coletivo e inteligente de Logística Reversa que atenda a suas associadas de forma eficiente e econômica.
A Green Eletron reconhece que este é um trabalho muito importante, que deve ser realizado com o maior cuidado. Por isso, trabalha com operadores de reconhecida experiência no ramo e coordena os estágios da logística reversa (coleta, transporte e destinação final) sempre de perto, para garantir segurança, rastreabilidade e conformidade com a legislação durante o processo.
Não é apenas com as empresas associadas à Abinee que podem se associar à Green Eletron. Qualquer fabricante, importador ou distribuidor que coloque produtos no território brasileiro também pode ser uma associada da Green Eletron e fazer parte deste sistema coletivo de logística reversa.
Hoje, são 100 associados que comercializam aparelhos eletroeletrônicos e pilhas que já participam financiando esta operação, além dos parceiros do varejo, que estão hoje entre os principais do país.
Promover o reaproveitamento de resíduos e a economia circular também faz parte da missão da gestora. Ao tornar acessível seus serviços ao maior número de empresas possível, a Green Eletron busca maior eficiência, segurança e abrangência desse novo modelo de interação entre os produtores e os consumidores, propondo eliminar um grande problema da nossa sociedade: a geração de lixo.
Para ajudar a conscientizar e mobilizar a população brasileira sobre a importância do descarte ambientalmente correto e reciclagem de aparelhos eletroeletrônicos, nasceu em 2020 o movimento Eletrônico Não é Lixo.
As ações têm sido realizadas em diversas esferas, com campanhas de coleta no Metrô de São Paulo, movimentações nas redes sociais – com a participação, inclusive, de influenciadores de médio e grande porte – e um e-book didático sobre o assunto.
O movimento também divulga constantemente dicas de descarte e as conquistas no processo de coleta de eletrônicos do Sistema de Logística Reversa da Green Eletron com o envolvimento crescente da população e colaboradores.
Para conhecer mais sobre o movimento, acesse nosso instagram e facebook. Assista também todo o material disponível no Youtube da Green Eletron.”
Para que a população participe ativamente da logística reversa, é preciso que sejam instalados Pontos de Entrega Voluntária em locais acessíveis e com grande fluxo de pessoas.
Por isso os varejistas oferecem uma plataforma ideal para o sucesso da logística reversa, por serem o estágio da cadeia de produção mais próximo do consumidor.
Além disso, o comércio é parte importante como canal de comunicação, por isso deve exercer funções cruciais na transição para a economia circular na sociedade. Conheça os parceiros da Green Eletron.
O trabalho realizado pela Green Eletron e por seus parceiros só tem se intensificado ao longo dos anos e isso se reflete nitidamente nos números.
Se compararmos os resultados de 2019 a 2021, já conseguimos perceber o quanto a gestora aumentou a sua área de atuação e, principalmente, o impacto positivo que o trabalho de conscientização da população tem refletido.
Em 2019, a gestora possuía 176 PEVs de eletroeletrônicos instalados. Em 2020, esse número alcançou a marca de 590, chegando a 812 em 2021. Quanto ao número de PEVs de pilhas, eram 2.220 no ano de 2019, 4.496 em 2020 e o ano de 2021 fechou com 7.453.
O número de empresas fabricantes, importadores ou distribuidores de eletroeletrônicos e pilhas que se associaram à Green Eletron durante este período também só aumentou: de 54 organizações em 2019, passou para 82 em 2020, 98 no ano seguinte e atualmente são 100 associados no total.
Quanto aos resultados de recolhimento, em 2019 a gestora fechou o ano com 514 toneladas de eletroeletrônicos, pilhas e baterias.
Porém, em 2020, mesmo com os trabalhos prejudicados devido às restrições impostas pela pandemia de COVID-19, a gestora conseguiu recolher 171,42 toneladas de eletroeletrônicos e pilhas.
Para identificar os impactos e benefícios ambientais da reciclagem de resíduos eletrônicos, a Green Eletron, em parceria com a consultoria ACV Brasil, desenvolveu um estudo que aponta os aspectos e impactos ambientais (positivos e negativos) ao longo da vida de um produto ou serviço, desde a extração da matéria-prima até a destinação final.
A ACV, ou Avaliação do Ciclo de Vida, identificou as consequências ambientais da logística reversa do lixo eletrônico para o meio ambiente sobre a atuação da Green Eletron em 2019.
O impacto positivo da reciclagem das 330,7 toneladas recolhida neste ano foi avaliado em 12 categorias, entre elas redução de emissões de CO2, depleção da camada de ozônio, recursos minerais resgatados (sem necessidade de extração de matérias-primas virgens), uso de água e combustíveis fósseis, entre outros.
De acordo com o estudo, foram evitadas as emissões de 745 toneladas de CO2, o que equivaleria às emissões anuais de 120 pessoas no Brasil, ou então o equivalente a 300 carros que deixaram de rodar por 1 ano.
A reciclagem dos produtos eletroeletrônicos recolhidos nesse período também contribuiu para que fosse evitado o consumo de 12,8 mil metros cúbicos de água, o que seria comparado ao consumo de 228 pessoas durante um ano no nosso país.
Também foi possível evitar o consumo de 244 toneladas de óleo diesel e foram recuperados do interior dos resíduos eletrônicos, 85 toneladas de plástico, 75 toneladas de ferro, 32 toneladas de cobre, 20 toneladas de alumínio, 14 toneladas de vidro e 47 toneladas de outros materiais incluindo metais nobres e preciosos.
Diante do perigo que a exploração incorreta do lixo eletrônico pode causar para a nossa saúde, visto que estamos longe de conseguirmos destinar todos esses resíduos para a reciclagem, a OMS – Organização Mundial da Saúde produziu um relatório que revela que o aumento do lixo eletrônico mundial afeta a saúde de crianças e mulheres – as que estão mais expostas ao trabalho informal com esse tipo de material, principalmente em países subdesenvolvidos.
Segundo o Children and Digital Dumpsites (Crianças e Lixões Eletrônicos), cerca de 12,9 milhões de mulheres e mais de 18 milhões de crianças e adolescentes em todo mundo estão trabalhando no setor informal de resíduos, podendo ser submetidas diariamente à contaminação.
O relatório também estima que, até 2030, haja um aumento global de 70% dos empregos no setor de gestão de resíduos – ou 45 milhões de vagas.
Por isso, investir em sistemas de logística reversa formal que trabalham com recicladoras responsáveis pode prevenir essa contaminação que pode causar doenças graves.
Para melhor atender ao público que fará o descarte dos mais variados tipos e tamanhos de eletrônicos, a Green Eletron desenvolveu cinco tipos diferentes de coletores. Eles foram projetados para garantir quatro elementos essenciais para o funcionamento da logística reversa, que são:
Conheça os diferentes modelos de Pontos de Entrega Voluntária da Green Eletron.
O processo de reciclagem de pilhas e baterias começa com o consumidor, que nunca deve descartá-las no lixo comum para serem destinados a aterros sanitários ou na natureza.
Abaixo saiba quais os tipos de pilhas que podem ser depositadas nos coletores da gestora.
Todo o processo começa pelo descarte responsável, seguido pela coleta e transporte adequados, passando pela triagem do material e finalizando no tratamento e destinação final feito pelas recicladoras homologadas pela Green Eletron.
Nos recicladores das pilhas, alguns processos químicos e físicos são necessários. O primeiro deles é a trituração. Em seguida, os resíduos passam por um processo térmico de superaquecimento do material, em um forno industrial, para a separação e recuperação do zinco — o metal pode ser reaproveitado inclusive para a produção de novas pilhas.
Para outros tipos de pilhas, utiliza-se um processo químico no qual são recuperados os sais e óxidos metálicos, que são também passíveis de serem utilizados como insumos na indústria.
A etapa final contempla também o tratamento dos resíduos que sobram no processo, pois eles têm uso na produção de cimento, por exemplo.
Atualmente, já são 7.861 pontos de descarte de pilhas no Brasil. Confira suas localizações.
Assim como ocorre com as pilhas, equipamentos elétricos e eletrônicos de uso domiciliar dependem do consumidor para serem reciclados.
A Green Eletron atualmente tem mais de 1.000 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), espalhados por 13 estados e o Distrito Federal de eletroeletrônicos onde a população pode depositar celulares, aparelhos de DVD, liquidificadores e impressoras sem uso e muitos outros.
Depois de recolhidos, os resíduos são transportados para uma empresa de reciclagem. A gestora já homologou sete recicladoras, a Brasil Reverso, com sede em Nova Odessa (SP), GM&C, de São José dos Campos (SP), Programando o Futuro, localizada em Brasília (DF), Reverse Gestão de Resíduos, em Novo Hamburgo (RS), Reeecicle em Recife (PE), Sinctronics, em Sorocaba (SP) e Wee.do, em Palhoça (SC). Atualmente, no entanto, outras empresas estão passando pelo processo de homologação da gestora. Saiba mais sobre as recicladoras de eletroeletrônicos e pilhas.
Os produtos coletados chegam nessas instalações, passam por um processo de separação dos materiais, de acordo com suas especificidades, para que sejam reciclados em grupos diferentes. Nesta etapa, já é possível obter os diferentes tipos de materiais separados por tipo, como plásticos, metais, papel, borracha, dentre outros.”
No caso dos componentes que possuem metais raros e preciosos, como as placas de circuito impresso, estes são enviados a uma recicladora europeia, já que no Brasil não viabilizamos a tecnologia capaz de extrair esses elementos. O material extraído pode ser empregado na indústria de jóias desses países, por exemplo.
Depois de separados, cada resíduo vai para servir de matéria-prima em outros processos industriais, desde assoalhos até novas partes e peças de novos equipamentos eletroeletrônicos.
O processo todo é muito eficiente e praticamente não gera rejeitos (resíduos não aproveitáveis), mas o que não pode ser recuperado tem sua disposição feita também de forma ambientalmente correta.
O conceito de upcycling se refere a arte de reaproveitar, de dar um novo significado a um material que estava pronto para o descarte. Ou seja, é a transformação dos resíduos em produtos ou matéria-prima com qualidade igual ou melhor e de maior valor agregado.
Por exemplo, o plástico de um brinquedo pode ser transformado em uma peça para impressoras. O conceito se encaixa na economia circular, porque agrega valor a algo que, no modelo linear de extração > produção > consumo > descarte, seria tratado como lixo ou incorporado de maneira que perdesse seu valor original.
Por meio do upcycling é possível diminuir a extração de matéria-prima virgem, e como consequência, diminuir custos da cadeia produtiva e reduzir impactos ambientais como por exemplo a emissão de poluentes, além de gerar mais empregos na cadeia produtiva durante o processo de ressignificação desses resíduos. Além disso, no upcycling há uma economia significativa de água e energia.
Mesmo parecendo ser bem semelhantes, os três termos têm algumas diferenças bem importantes.
Quando dizemos que um produto foi remanufaturado, significa que ele precisou passar por um processo industrial de remanufatura, ou seja, as peças ou componentes danificados foram substituídos por novos ou recuperados dentro dos padrões de qualidade exigidos no projeto do produto novo e realizado dentro das instalações do fabricante original, ou por alguma empresa autorizada.
Depois de passar por todos os testes do fabricante, o produto deverá estar em perfeitas condições e funcionará como se fosse um aparelho novo.
Já no recondicionamento, este procedimento é realizado por empresas terceiras, sem a autorização do fabricante detentor da marca. Com isso a peça ou produto pode não passar por uma avaliação tão criteriosa, apenas as partes defeituosas são substituídas, em alguns casos por peças e componentes não originais, podendo comprometer o desempenho do equipamento.
Além disso, a empresa responsável pelo recondicionamento deveria inserir informação clara de que o produto foi remanufaturado e prover uma garantia equivalente ao produto novo.
Em ambos os casos acima, os produtos danificados, ou em fim de uso, já foram devolvidos pelo consumidor e ao retornam ao mercado, depois de passarem pelos processos de remanufatura ou recondicionamento, não serão necessariamente da mesma pessoa que os descartou, estendendo assim a vida útil dos equipamentos.
O reparo é algo bem mais simples e está mais inserido no nosso cotidiano. Nele, não há a intenção de se desfazer do produto, quando ele apresenta problemas ou está danificado.
Nesta situação, buscamos o conserto do equipamento que sofreu pequenas avarias. Logo, o reparo envolve ações mais simples e sem muito impacto, bem diferentes da remanufatura e do recondicionamento.
Apesar de pouco explorada no Brasil, a mineração urbana é uma prática com grande potencial econômico. Trata-se da transformação de produtos pós-consumo em matéria-prima para a indústria — ou seja, um dos pilares da economia circular.
A mineração urbana extrai destes materiais usados insumos que podem ser reutilizados. A mineração urbana permite a extração de metais ferrosos e não-ferrosos (ouro, prata, aluminio, cobre etc), elementos de disponibilidade finita na natureza. Mas não é só isso: dos resíduos eletrônicos podem ser retirados plásticos, vidros e outras matérias-primas importantes para a indústria.
Além de uma solução para o problema da escassez de recursos naturais, a mineração urbana é uma das alternativas para o problema do gasto de energia da indústria, uma das maiores responsáveis pela emissão de CO2 na atmosfera. Segundo a Comunidade Europeia, a reciclagem pode reduzir em torno de 20% a extração de insumos virgens para a indústria.
Importante ressaltar que as matérias-primas recicladas, ou de origem secundária, tem a mesma qualidade das de extração natural. Inclusive, estima-se que a mineração urbana é uma prática que pode fazer circular até 600 bilhões de euros na indústria europeia, entre 2012 e 2030, segundo o mesmo estudo mencionado acima.
No Brasil, o aproveitamento dos componentes de resíduos eletrônicos poderia nos render cerca de 4 bilhões de reais.
Para garantir a segurança da cadeia, a Green Eletron tem altos padrões de homologação. São necessários alguns documentos, certificações e planos de ação por parte das candidatas, para que possam ser recicladoras oficiais da gestora.
Além disso, é importante que as empresas estabeleçam meios de monitorar todas as etapas de sua cadeia de atuação, para garantir a rastreabilidade dos materiais desde a chegada à recicladora até a sua destinação final.
Entenda as certificações necessárias para ser uma recicladora homologada da Green Eletron.
Com o objetivo entender o hábito dos brasileiros para o descarte do lixo eletrônico e verificar diferenças de comportamento e conhecimento da população sobre o tema nas cinco regiões do país, a Green Eletron, em parceria com a Radar Pesquisas, produziu uma pesquisa inédita que foi disponibilizada no fim de 2021.
O estudo quantitativo foi realizado com 2.075 pessoas, entre os dias 14 e 24 de maio de 2021. O público-alvo contemplou homens e mulheres de 18 a 65 anos das classe A, B e C, segundo o Critério Brasil da ABEP, de 13 Estados e o Distrito Federal: SP, RJ, MG, ES, BA, CE, PE, RS, PR, SC, PA, GO, DF e MS.
Entre os participantes da pesquisa, 87% já ouviram falar em lixo eletrônico e 42% dos brasileiros relacionaram o conceito aos aparelhos quebrados. Um terço dos entrevistados (33%), entretanto, acreditam que lixo eletrônico está relacionado ao meio digital, como spam, e-mails, fotos ou arquivos, o que mostra que ainda existe muita dúvida: afinal, 71% alegaram que não há muita informação na mídia sobre o assunto. A maioria dos brasileiros (87%) guarda algum tipo de eletroeletrônico sem utilidade em casa e mais de 30% fica com eles por mais de um ano.
Jovens com idades entre 18 e 25 anos declaram maior desconhecimento do que é lixo eletrônico, 14%, contra 5% dos adultos de 26 a 45 anos e 3% dos mais experientes (46 a 65 anos).
Apesar disso, os jovens associam menos o lixo eletrônico ao spam (28%), enquanto 36% da segunda faixa etária e 31% da última já ligaram os termos alguma vez. O estudo também indicou quais os aparelhos mais considerados pela população como recicláveis ou não, além das dificuldades para encontrar um ponto de coleta.
Com o resultado do estudo será possível que ações efetivas possam ser tomadas, levando a uma melhora do cenário da reciclagem no país. O relatório completo da Pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil – 2021 pode ser encontrado aqui.
12 Comentários
Mery
Olá, gostaria de obter mais informação de logística reversa sustentável para eletrônicos e importados e de que forma orientaria o cliente e aplicaria na prática para controle. O tipo de saída que terá que ser feito contábilmente, teremos algum benefício fiscal. Podemos coletar no cliente e enviar de uma única vez de forma semestral ao ponto de coleta ou a destinação final é com o cliente, visto que nem todas as cidades tem ponto de coleta.
Green Eletron
Mery, obrigada pelo interesse. Confira este post para tirar algumas das suas dúvidas: https://bit.ly/372Xlil. Também estamos à disposição pelo e-mail contato@greeneletron.org.br
JOAO MARIA BOGDANOVICZ
Excelente informação sobre a coleta de resíduos eletroelegtrônicos.
Green Eletron
Oi, João! Agradecemos pelo elogio e por seu interesse no descarte responsável de eletroeletrônicos. Abraço!
só deus sabe
também concordo é de suma importancia termos essas informaçoes
Green Eletron
Agradecemos o comentário!
Thereza Neumann Santos de Freitas
Importantíssimo o trabalho que está sendo realizado pela Green Eletron. Vi que está focado em eletroeletrônicos e pilhas, produtos que têm crescimento garantido caso não sejam adotadas as legislações pertinentes e mudança de visão de todos nós. Atualmente, vê-se que os produtos novos tem cada vez menos tempo de vida – talvez reduzida na indústria para manter demanda/consumo programados. Como funciona a Logistica Reversa de eletrodomésticos (geladeira/freezer/ar condicionado/fogões/ TV e etc? Aproveito para solicitar ajuda no sentido de identificarmos outros tipos de gestores ou outras ações voltadas para Logistíca Revessa de Indústrias em diversos segmentos, por exemplo: automobilístico. Parabéns!!!!!
Green Eletron
Neste caso recomendamos que você assista esse vídeo que vai contar sobre iniciativas de economia circular em diversas indústrias: https://www.youtube.com/watch?v=Kj13xaQYDOo&t=4s. Aproveite!
ELISANGELA MARIA LOPES
sou Elisangela aluno do IFSP Campus Suzano, estou fazendo um artigo referente a logística reversa de eletrônicos e gostaria de saber se posso usar os dados da empresa e se tenho autorização para colocar o nome da empresa no artigo.
Desde já agradeço e aguardo retorno para que as pessoas possam conhecer melhor o trabalho maravilhoso que a sua empresa realiza.
Green Eletron
Olá Elisangela, parabéns pelo seu artigo. Entre em contato através do email contato@greeneletron.org.br ou pelo fone (11) 2175-0050 para maiores informações do uso de dados.
Ely
oi
Green Eletron
Agradecemos o comentário!